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terça-feira, 30 de junho de 2009

Medos.


Quando somos crianças nossos medos são diferentes de quando nos tornamos adultos. São diferentes, mas são medos.
Quando somos crianças temos medo de olhar em baixo da cama, de noite. Temos medo de filme de terror. Temos medo de vampiro, bruxa, vilão de cinema. Dá medo das coisas mais bobas. A gente tem medo de careta, de história de suspense, tem medo que o lobo mal pegue a gente. A gente morre de medo de um monte de coisas. O coração acelera, corremos pro quarto dos pais, fechamos os olhos e rezamos. A gente tem medo, muito medo.
Depois, os medos mudam. A gente cresce e passa a achar engraçados filmes de terror e histórias de suspense. Debaixo da cama o máximo que pode ter é um par de chinelos ou seu gato dormindo. Vampiro, bruxa, vilão? Passa a ser divertido. Passamos a correr atrás do lobo mal, porque ele é muito mais interessante que o príncipe encantado. A gente passa a ter outros medos, medos muito mais reais. Medos diferentes. A gente aprende até a ter medo de gente.
Medo de gente porque gente engana, gente se desfaz, gente demite, gente inveja, culpa, mente. A gente começa a ter medo, também, da gente. Medo de se decepcionar, medo de se frustrar, tem medo da angústia, medo de não se realizar. A gente tem medo de só achar o lobo mal e tem medo do príncipe encantado não se encantar. Tem medo de não ter dinheiro, tem medo de perder quem ama e tem medo de não amar. A gente consegue até ter medo de sentir medo.
Os medos se tornam maiores na medida em que a gente também se torna maior. Passam a ser reais na medida em que a gente se fortalece. O bicho papão existe e, muitas vezes, se finge de melhor amigo. A cama dos pais já está muito longe pra que a gente corra até ela toda noite de medo. A bruxa faz feitiços de verdade e transforma tudo. E aí, a gente tem que aprender a encarar nossos medos, bater de frente e superá-los. Às vezes sós, outras acompanhados. Mas a gente tem que aprender a enfrentá-los.


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