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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Uma estranha no ninho.


Os olhos foram ficando pesados e cheios até que um deles transbordou, era apenas um tiro anunciando a largada de inúmeras lágrimas desenfreadas que disputavam corrida pelo meu rosto. Eu chorei de soluçar. De apoiar o rosto nas mãos e desejar sumir. Logo os olhos ficaram vermelhos e minha boca - que me trai a todo instante - parecia que ia pegar fogo. Seu vermelho intenso reluzia; e tremia.
Eu tentava entender a quanto tempo eu tinha me tornado uma estranha dentro da minha própria casa. Tentava saber quanto tempo eu tinha me transformado naquele terrível monstro que pintavam. Eu conversei com Deus em frente ao espelho, como tantas vezes fiz quando - durante a adolescência - sentia meu mundo desabar. Mas ele não me deu respostas, não hoje.
Mesmo depois dos olhos inchados e um belo nariz de palhaço aquilo tudo parecia doer ainda mais. Era ruim me sentir assim. De onde brotavam tantas lágrimas? Parecia que vinham do coração, pois quanto mais eu chorava mas o sentia seco e dolorido. Talvez fosse mesmo melhor apenas calar a boca e cerrar os dentes.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Amor só é bom quando é pra sempre.


Não foi preciso entender quem era você pra me encantar. Quando após me beijar você falou: “Eu sempre achei teu sorriso lindo, e agora eu tô beijando ele”. Pronto. Ali as coisas começaram a acontecer. Sempre presente, sincero e divertido. Eu que tinha ficado tão acostumada a ser solteira me vi dizendo sim pro seu ‘quer namorar comigo?’ Eu ainda não sabia (de verdade) quem era você, mas depois de seis anos eu tinha vontade de descobrir quem era alguém. Sabe amor, nunca fiz uma escolha tão certa em toda a minha vida. Agora vai fazer um ano do nosso primeiro beijo. Um ano que conheci tua delicadeza e teu jeito encantador de me beijar. A gente parecia tão diferente e agora somos tão iguais. Você é tudo pra mim. Só enxergo meu futuro com você do lado. E você vai estar lá. Você é minha vida, é meu abraço, meu conforto, minha razão. É meu sorriso meio bobo e lindo, é meu carinho e meu ombro pra chorar. É minha mão, minha briga que sempre termina em sorrisos e carícias, minha alegria. Minha namorado hoje e amanhã minha família.

Ao seu lado.


Clara levantou, o sol que invadia seu quarto começava a queimar-lhe a pele e não mais lhe aconchegava. Ela tinha uma aparência triste, mas na verdade estava só cansada. De quê? Nem ela mesmo sabia. Às vezes parecia que as coisas chatas e sem graça se reuniam para acontecer de uma só vez. Tudo ficava estranho e monótono. O mundo tinha cor, mas não tinha graça.

Nessas horas só havia um refúgio que tantas vezes esteve guardado dentro dela, mas agora tinha criado forma e se exteriorizado. Seu refúgio nesses momentos de fraqueza era o amor. Aquele em forma de poesia que te abraça e diz que te ama. Aquele amor tão grande que dói um pouco. Aquela dor que não incomoda, que chega a ser gostosa. Sim, só lhe restava amar aquela pessoa que lhe enchia de força e de vida. Que a fazia ter certeza que as coisas vão dar certo pra sempre. Que a felicidade não acaba nunca, ao lado dele tudo ganhava cor novamente.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Sonhar.


Ouvi dizer que viver é melhor que sonhar, mas isso não pode ser tido como regra.
E aquela criança que passa fome e não tem os pais, ou aquelas que ainda os têm mas que de nada servem?
Viver é melhor que sonhar para os que não têm fome, para os que não têm sede, para os que têm onde morar. Para todos os outros lhe resta, com sorte, sonhar.

Saudosismo.


Hoje tive que aocmpanhar meu irmão ao colégio, onde ele cursa a quinta série.
Cansada, ressacada. Fui dormir às 3:00 da madrugada após chegar de uma farra. Acordei duas horas depois para trazê-lo e esperar até que ele terminasse suas provas semestrais.
Bem, confesso que fiquei com saudades dos tempos de escola, das cinco instituições de ensino que passei, dos amigos que fiz, e me esqueceram, dos amigos que o tempo tratou de afastar, dos meninos que eu cheguei a amar.
senti saudades das peças apresentadas a cada unidade e daquele cheiro de tinta, a pintar meu rosto. A tia com mãos e traços tão delicados dando vida a alguma boneca ou coelhinho da páscoa. O frio da tinta na ponta do nariz.
Senti saudades de quando eu brincava de ser bailarina e rodopiava pelas ruas em desfiles da escola. Onde eu era sempre a princesinha principal. Saudades da hora do lanche e do cheiro de lancheira cor-de-rosa.
Depois eu senti falta do novo colégio, grande, aquele em que eu me perdia. A lapiseira-borracha-espanadorderestodeborracha-espelho (Nossa! Era isso tudo mesmo!). Os garotos mais velhos, as brincadeiras, as tardes de trabalho em grupo, a sorveteria escondido dos pais.
E fui passando meu tempo, de escola em escola. Com novos amores, com novos amigos.
Teve o colégio de freira que foi o que mais me ensinou palavrão, os garotos quatro séries mais velhos, os grandes amores e as primeiras decepções.
Teve aquele colégio que só durou um ano, mas que compensava por ser no centro da cidade.

Existem pessoas que eu trago aé hoje no coração. Amigos, amores que conquistei ou que me conquistaram.
Teve o útlimo colégio que fiz grandes amizades, as que levo pra todo o sempre, as que sabem quem sou por baixo dos longos cabelos ondulados.
E,d e repente, o sinal tocou. O som dos gritos das crianças foi sumindo, o som das vassouras varrendo já tinha desaparecido foi dando lugar ao canto dos pássaros. E eu me lembri que nessa epoca tudo que eu queria era o que eu tenho agora. Sonhava em ganhar o mundo pelas portas da faculdade.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010


Não sei se a autoria está correta. Também não quero, aqui, gerar um polêmica ou 'retrucar' esses lamentáveis episódios que estão acontecendo. Mas gostei do texto, e mais ainda como Nordestina/ Pernambucana que sou! Nós sabemos que esses são casos isolados e que o povo brasileiro é muito mais que essas bobagens que andam circulando por aí.


O respeito, é e sempre vai ser o melhor caminho!


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"A eleição de Dilma Rousseff trouxe à tona, entre muitas outras coisas, o que há de pior no Brasil em relação aos preconceitos. Sejam eles religiosos, partidários, regionais, foram lançados à luz de maneira violenta, sádica e contraditória.


Já escrevi sobre os preconceitos religiosos em outros textos e a cada dia me envergonho mais do povo que se diz evangélico (do qual faço parte) e dos pilantras profissionais de púlpito, como Silas Malafaia, Renê Terra Nova e outros, que se venderam de forma absurda aos seus candidatos. E que fique bem claro: não os cito por terem apoiado o Serra… outros pastores se venderam vergonhosamente para apoiarem a candidata petista. A luta pelo poder ainda é a maior no meio do baixo-evangelicismo brasileiro.


Mas o que me motivou a escrever este texto foi a celeuma causada na internet, que extrapolou a rede mundial de computadores, pelas declarações da paulista, estudante de Direito, Mayara Petruso, alavancada por uma declaração no twitter: “Nordestino não é gente. Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!”.


Infelizmente, Mayara não foi a única. Vários outros “brasileiros” também passaram a agredir os nordestinos, revoltados com o resultado final das eleições, que elegeu a primeira mulher presidentE ou presidentA (sim, fui corrigido por muitos e convencido pelos “amigos” Houaiss e Aurélio) do nosso país.


E fiquei a pensar nas verdades ditas por estes jovens, tão emocionados em suas declarações contra os nordestinos. Eles têm razão!


Os nordestinos devem ficar quietos! Cale a boca, povo do Nordeste!


Que coisas boas vocês têm pra oferecer ao resto do país?


Ou vocês pensam que são os bons só porque deram à literatura brasileira nomes como o do alagoano Graciliano Ramos, dos paraibanos José Lins do Rego e Ariano Suassuna, dos pernambucanos João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira, ou então dos cearenses José de Alencar e a maravilhosa Rachel de Queiroz?


Só porque o Maranhão nos deu Gonçalves Dias, Aluisio Azevedo, Arthur Azevedo, Ferreira Gullar, José Louzeiro e Josué Montello, e o Ceará nos presenteou com José de Alencar e Patativa do Assaré e a Bahia em seus encantos nos deu como herança Jorge Amado, vocês pensam que podem tudo?


Isso sem falar no humor brasileiro, de quem sugamos de vocês os talentos do genial Chico Anysio, do eterno trapalhão Renato Aragão, de Tom Cavalcante e até mesmo do palhaço Tiririca, que foi eleito o deputado federal mais votado pelos… pasmem… PAULISTAS!!!


E já que está na moda o cinema brasileiro, ainda poderia falar de atores como os cearenses José Wilker, Luiza Tomé, Milton Moraes e Emiliano Queiróz, o inesquecível Dirceu Borboleta, ou ainda do paraibano José Dumont ou de Marco Nanini, pernambucano.


Ah! E ainda os baianos Lázaro Ramos e Wagner Moura, que será eternizado pelo “carioca” Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, 1 e 2.


Música? Não, vocês nordestinos não poderiam ter coisa boa a nos oferecer, povo analfabeto e sem cultura…


Ou pensam que teremos que aceitar vocês por causa da aterradora simplicidade e majestade de Luiz Gonzaga, o rei do baião? Ou das lindas canções de Nando Cordel e dos seus conterrâneos pernambucanos Alceu Valença, Dominguinhos, Geraldo Azevedo e Lenine? Isso sem falar nos paraibanos Zé e Elba Ramalho e do cearense Fagner…


E Não poderia deixar de lembrar também da genial família Caymmi e suas melofias doces e baianas a embalar dias e noites repletas de poesia…


Ah! Nordestinos…


Além de tudo isso, vocês ainda resistiram à escravatura? E foi daí que nasceu o mais famoso quilombo, símbolo da resistência dos negros á força opressora do branco que sabe o que é melhor para o nosso país? Por que vocês foram nos dar Zumbi dos Palmares? Só para marcar mais um ponto na sofrida e linda história do seu povo?


Um conselho, pobres nordestinos. Vocês deveriam aprender conosco, povo civilizado do sul e sudeste do Brasil. Nós, sim, temos coisas boas a lhes ensinar.


Por que não aprendem conosco os batidões do funk carioca? Deveriam aprender e ver as suas meninas dançarem até o chão, sendo carinhosamente chamadas de “cachorras”. Além disso, deveriam aprender também muito da poesia estética e musical de Tati Quebra-Barraco, Latino e Kelly Key. Sim, porque melhor que a asa branca bater asas e voar, é ter festa no apê e rolar bundalelê!


Por que não aprendem do pagode gostoso de Netinho de Paula? E ainda poderiam levar suas meninas para “um dia de princesa” (se não apanharem no caminho)! Ou então o rock melódico e poético de Supla! Vocês adorariam!!!


Mas se não quiserem, podemos pedir ao pessoal aqui do lado, do Mato Grosso do Sul, que lhes exporte o sertanejo universitário… coisa da melhor qualidade!


Ah! E sem falar numa coisa que vocês tem que aprender conosco, povo civilizado, branco e intelectualizado: explorar bem o trabalho infantil! Vocês não sabem, mas na verdade não está em jogo se é ou não trabalho infantil (isso pouco vale pra justiça), o que importa mesmo é o QUANTO esse trabalho infantil vai render. Ou vocês não perceberam ainda que suas crianças não podem trabalhar nas plantações, nas roças, etc. porque isso as afasta da escola e é um trabalho horroroso e sujo, mas na verdade, é porque ganha pouco. Bom mesmo é a menina deixar de estudar pra ser modelo e sustentar os pais, ou ser atriz mirim ou cantora e ter a sua vida totalmente modificada, mesmo que não tenha estrutura psicológica pra isso… mas o que importa mesmo é que vão encher o bolso e nunca precisarão de Bolsa-família, daí, é fácil criticar quem precisa!


Minha mensagem então é essa: – Calem a boca, nordestinos!


Calem a boca, porque vocês não precisam se rebaixar e tentar responder a tantos absurdos de gente que não entende o que é, mesmo sendo abandonado por tantos anos pelo próprio país, vocês tirarem tanta beleza e poesia das mãos calejadas e das peles ressecadas de sol a sol.


Calem a boca, e deixem quem não tem nada pra dizer jogar suas palavras ao vento. Não deixem que isso os tire de sua posição majestosa na construção desse povo maravilhoso, de tantas cores, sotaques, religiões e gentes.


Calem a boca, porque a história desse país responderá por si mesma a importância e a contribuição que vocês nos legaram, seja na literatura, na música, nas artes cênicas ou em quaisquer situações em que a força do seu povo falou mais alto e fez valer a máxima do escritor: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte!”


Que o Deus de todos os povos, raças, tribos e nações, os abençoe, queridos irmãos nordestinos!"




Por: José Barbosa Junior