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segunda-feira, 8 de junho de 2009

Louíse.


Após um dia inteiro de trabalho ela chegou em casa. Tirou seu salto alto, preparou uma dose de uísque, pôs um som ambiente. Tomou o uísque de um gole só, o que ajudou a digerir mais um dia de trabalho. Tirou sua roupa e entrou debaixo do chuveiro sentindo cada gota percorrer seu corpo. Enrolou-se num roupão branco, enrolou seus cabelos numa toalha macia e se atirou no sofá. Sentiu falta de alguém, mas ela não sabia de quem era. Lembrou-se que desde o café da manhã não comera mais nada. "Que preguiça de cozinhar.", pensou. Mecanicamente pegou o telefone e ligou para a requisitada pizzaria da esquina, aquela que não atrasava a comida por ser absurdamente ao lado do seu apartamento. Mas, no meio da ligação, desistiu. Decidiu que hoje seria um dia diferente na sua rotina. Trocou de roupa (um simples pretinho básico), penteou os cabelos, colocou um pouco de perfume e voltou para o carro. No caminho (para algum lugar que ela ainda não sabia qual era) foi passando batom e procurando as velhas amigas esquecidas nos registros do seu celular. Todas se surpreenderam com a ligação. Mas, ao contrário do que Louíse imaginava, todas recusaram o convite; estavam muito ocupadas com as famílias que haviam construído e Louíse sentiu uma ponta de inveja. Ela resolveu jantar sozinha. Escolheu o melhor restaurante da cidade, pediu o melhor vinho e o prato mais caro da casa. Resolveu se dar ao luxo, mas isso não funcionou muito bem. Foi ficando amuada. Olhou ao redor... casais, famílias, amigos... Sentiu vontade de chorar e correu ao banheiro. Olhou-se no espelho e enxergou, se enxergou! Louíse havia esquecido que era uma mulher, com desejos e sonhos. Louíse se tornara a imagem e semelhança da empresa. Percebeu que num egoísmo desenfreado esqueceu que é impossível ser feliz sozinha. Quis ter um amor, quis fazer um filho. Saiu do restaurante atordoada.
Quatro horas depois, um silêncio absoluto. Manchas de sangue no seu apartamento e um bilhete, caso alguém sentisse sua falta. Louíse pensou que não havia mais tempo para ser feliz.

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