Vou-me embora, mas não será pra Pasárgada! Vou embora pra qualquer lugar. Ouvi dizer que não importa onde se está indo, o mais importante mesmo é ir. É saber que quer ir, é ter vontade de ir. E eu sei que quero, sei que devo ir... Mas sinceramente, não consigo imaginar pra onde vou. Ir embora se tornou primordial pra mim, de forma que sinto que se eu continuar aqui algo de terrível fosse me acontecer. Sinto-me sufocar aqui. Preciso de algo muito maior do que isso que me oferecem, esse quase nada mesquinho. Essa promessa de ilusão. Chega uma hora determinada na vida, que a gente cansa de ser sempre tão passível e aceitável. A gente cansa de ver tudo errado e não poder gritar: “Pô! Você me machucou sabia?” A gente cansa e perde a vontade até de dar o troco. Acho que esse determinado momento da vida de uma pessoa, já chegou pra mim faz um tempo. Eu é que ainda não me dei conta que sou mera personagem dessa história em quadrinhos fantasiada de cores, e que tenho, como qualquer personagem, que acatar obedientemente as vontades daquele que me dá forma e vida. Talvez eu possa, como um personagem rebelde, ganhar algum tipo de personalidade e tentar seguir as páginas com meus próprios pés. Mas dependo não só daquele que me escreve, mas também daquele que me desenha. Que me pinta em preto e branco, que me deixa isenta de cor. E talvez meu criador, dependa muito mais de mim que eu dele. Se ele apenas me encarar como um projeto sem futuro e me abandonar aqui nessas páginas, continuarei a ser eu mesma. Em preto e branco, seguindo essa estrada, pra todo o sempre, eternamente, numa escala de tempo que não sei nem mesmo se existe. Mas o que será dele? O que será que ele vai fazer se me deixar aqui, rabiscada, faltando um pulsante vermelho chamado coração? Faltando-me a vida! Agora me dou conta, falta-me a vida! Uma coisa rara e brilhante que todos pensam ter. Como são ingênuos esses outros personagens desse caderno de memórias. Julgam-se independentes. Acham que vivem. Não sabem que, como eu, são apenas vidas que se alimentam da vida de outro ser. Pouco sabem que somos apenas papel em branco, caneta preta e algum talento perdido. Não perceberam que temos apenas que fugir, fugir pra algum lugar. Eu já me dei conta disso, sei que tenho que ir.. e estou indo.. mesmo que no meio do caminho haja uma ponte quebrada e eu precise voltar e convencê-lo a construí-la. Usar de meu charme, de minha delicadeza ou até de minha chantagem. Depois eu volto e atravesso a ponte, quando ele se encontrar distraído com vocês. Ou talvez eu nem precise me dar ao trabalho de construir uma ponte de velhas madeiras. Talvez, eu possa simplesmente me atirar e nadar, num turbilhão de conversações. Tentar sobreviver em meio a essa loucura. Estou indo...Se eu conseguir fugir, prometo não mais voltar pra declarar meu sucesso.
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sexta-feira, 19 de junho de 2009
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Seus textos estão ótimos! Sempre palavras muito belas! Beijos, xará!
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