Os olhos foram ficando pesados e cheios até que um deles transbordou, era apenas um tiro anunciando a largada de inúmeras lágrimas desenfreadas que disputavam corrida pelo meu rosto. Eu chorei de soluçar. De apoiar o rosto nas mãos e desejar sumir. Logo os olhos ficaram vermelhos e minha boca - que me trai a todo instante - parecia que ia pegar fogo. Seu vermelho intenso reluzia; e tremia.
Eu tentava entender a quanto tempo eu tinha me tornado uma estranha dentro da minha própria casa. Tentava saber quanto tempo eu tinha me transformado naquele terrível monstro que pintavam. Eu conversei com Deus em frente ao espelho, como tantas vezes fiz quando - durante a adolescência - sentia meu mundo desabar. Mas ele não me deu respostas, não hoje.
Mesmo depois dos olhos inchados e um belo nariz de palhaço aquilo tudo parecia doer ainda mais. Era ruim me sentir assim. De onde brotavam tantas lágrimas? Parecia que vinham do coração, pois quanto mais eu chorava mas o sentia seco e dolorido. Talvez fosse mesmo melhor apenas calar a boca e cerrar os dentes.
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