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sexta-feira, 10 de julho de 2015



Casar é uma decisão difícil. Não só para os homens, para as mulheres também. Bom, pelo menos pra mim é. Não vou negar que quando eu era pequena eu treinava a minha entrada na igreja e sempre achei casamentos inspiradores e algo que eu queria para minha vida. Mas também não tem como negar que junto com esse sonho cresceu outro, que foi ficando bem maior com os anos: ser independente. Mais do que ser uma esposa, meu sonho era ter a MINHA casa, o MEU quarto, o MEU carro, dormir a hora que EU quisesse, sair para onde EU quisesse, ter os amigos que EU quisesse.
De uns anos pra cá esses dois desejos se confrontaram. Ser uma esposa boazinha que sonha em ter pimpolhos correndo pela casa ou ser a ovelha negra da família e me tornar uma dessas personagens de filme americano que se encontra aos, sei lá, trinta e poucos cheia de independência e cheia de crise de consciência?

Bem, por ter me metido em um relacionamento que já vai completar cinco anos e por achar que amo demais o tal rapaz, eu optei pelo primeiro sonho: ser uma esposa certinha, a mocinha da família que não engravida antes do casamento, não casa antes de ter casa, não tem casa antes de ter emprego e todas essas coisas... Desde então eu junto dinheiro que nem uma condenada. Não tenho carro, não tenho teto... Não compro nada muito caro, me satisfaço com pouco, economizo no que dá. Me mato todo santo dia me revezando entre 4 ônibus e 2 metrôs. Levo sol na quenga, cheiro suvaco fedido, tenho que lidar com mendigos e malandros. Quando chego no trabalho já perdi e muito a dignidade. Já subi e desci de nao sei quantos coletivos, já sentei em banco imundo do metrô pra trocar as havaianas pelo salto, já ouvi ambulante gritando no meu ouvido, já desci escada vomitada, já fui empurrada em fila de ônibus e meu perfume, meu frescor, já foram embora há muito tempo. Acho que ninguém suspeita que eu tenha tomado banho. Mas adivinha só: eu chego no trabalho feliz da vida, sou solicita, paciente, persistente, educada, porque, sabe, vai valer a pena.

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