Encostei-me, era confortável e cheirava bem. E como era bom! Quis ficar ali pra sempre. Só encostada naquele lugar tão aconchegante. Quis morrer e renascer – se fosse possível, e ainda assim estar ali. Aninhada naquele pedaço quente de gente, de cuidado, de amor. Fechei meus olhos e pedi que ali começasse o sempre, do que ele chamava de pra sempre.
Era ele, seu ombro, seu tórax. Era um pedaço dele e, olhando mais distante, era ele todo. Era quem procurei e achei que nunca fosse encontrar. Era quem achei que não existia. Era meu sonho, só que agora era palpável, quente, simples e COMO CHEIRAVA BEM! E o gosto? Tinha gosto de romance e ‘homem da minha vida’. Era um sonho com gosto, cheiro, calor e textura; era real, só podia!
Fechei os olhos novamente e podia sentir aquele momento se eternizando no ontem, no hoje, no amanhã e no até-onde-eu-não-posso-ver.
Respirei fundo e continuei de olhos fechados, porque se fosse um sonho preferia nunca saber. E já comecei a sentir as mais belas mãos, as mais lindas do mundo a me fazer carinho nos cabelos, exatamente como pensei que seria. Um cafuné inexplicável, um relaxante natural. Um amor pulsando tanto que doía. Um beijo. Um abraço. E um pedido, uma súplica tão muda que só o coração podia ouvir. Um suplicio calado pedindo ele sempre ao meu lado, um desejo surreal de guardá-lo todo dentro de mim . Como se ele pudesse entrar ali e ficar lá, paradinho e quietinho, protegido.
Mas num ímpeto, reabri os olhos pra ver se era verdade. Ele ainda estava lá, beijou-me na testa, sorriu. Eu falei com Deus, em prece e agradecimento, fechei meus olhos e adormeci. Era felicidade demais pra um pequeno mês.